domingo, 24 de novembro de 2013

quando se tem um bichinho 
por de trás do coração
que te faz dizer que sim 
ou que não
ou quando ele só brinca, 
faz do teu peito 
um parque de diversão
faz com que ri
finge que mira
e aponta
uma direção
ou duas

eu rio de volta
finjo não entender
e rio pra ser
transcendência, transcendendo a aparência

o que busca o ser, afinal? vivemos em mundos que nos fizeram acreditar reais. da porta pro interior, da porta pro exterior. somos uma espécie que consegue  ou ao menos tenta diferenciar, separar, resignificar, através dos pensamentos, os sentimentos e o mundo exterior. como se manipulássemos um e outro. vive-se um conflito de mundos, um conflito entre o querer, o ser e o estar. o mundo externo nos impõe milhares de categorias, de visões, de opções restritas, de enquadramentos, de embelezamentos do ser. mas, embelezar o que? a aparência externa me aparece como uma fuga do que somos realmente, porque ao sentir, entramos em contato com nosso ser interior e ao ouvir o que ele tem pra dizer, descobrimos terras nunca exploradas, pedaços de nós que deixamos de lado por uma vida toda onde não há estímulo pra esse contato com o que somos. mas afinal, o que somos? o resquício que sobra desse todo que o mundo externo tenta maquiar? é chegada a hora de se reinventar. de compreender de novo. pq tentar voltar à essência me parece um caminho tortuoso, se o que somos se modifica a cada segundo, a cada escolha e caminhos dados, somos o presente do ser. estamos aqui e agora, estamos, mas sentimos o de ontem e o que vai ser, prevemos e sabemos, todo o conhecido é parte duma construção humana do pensar e do externalizar. por isso reinventar. quebrar as rédeas e os cadeados de uma realidade que não é própria do seu ser, do seu ser presente. o esforço pra isso é diário e dolorido, mas os frutos, que estes sirvam pra você, que não vê mais obrigações, mas sim condições, que não julga, mas compreende, que não está sempre feliz, nem sempre triste, mas em contato com o que há de melhor e o que há de pior no seu interior, - porque estes não são parte duma dualidade, do bem e do mau, mas da inteireza do ser - e que o seu exterior cada vez mais, seja reflexo vivo, seja criação consciente do que você é e deixa de ser, a cada segundo.